quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Sobre a Rocha

O homem cria deuses sob a pele de mortais. Um dia, os endeusados morrem e um silêncio paira sobre a farsa, sem que as cortinas se fechem. Novas plateias haverão de criar novos astros, se esquecendo de que nem mesmo as estrelas durarão para sempre

O diário de uma louca (2005) é um dos filmes mais bonitos que já assisti. A produção, dirigida por Darren Grant, conta a história de uma mulher que, após 18 anos de casamento, é expulsa de casa pelo marido e tenta reconstruir sua vida ao lado das pessoas que realmente a amam.

O filme aborda temas importantes do cristianismo, como o perdão e o amor. Porém, o que mais chamou minha atenção foi como damos importância às coisas terrenas. Uma das cenas mais bonitas mostrou Hellen, a personagem principal, chorando triste ao lado da mãe, após dizer que havia dedicado toda a vida ao homem que a havia desprezado. A mãe, por sua vez, responde de uma forma que nos faz pensar na seguinte questão: “Tenho amado a Deus sobre todas as coisas e de todo o meu coração, como Jesus pediu?”

Quando assisti a essa conversa, me dei conta do quão importante é colocar o Pai eterno em primeiro lugar. Até imaginei o olhar de Cristo quando Ele escuta casais apaixonados dizerem, ao som de músicas românticas, coisas do tipo “Você é meu tudo!”, “Você é a razão da minha vida!”, “Não sei viver sem você!”. Logo, me veio à mente, a imagem de um Deus cabisbaixo, se perguntando: “Mas, e eu?”.

Pensando em algumas ações e suas conseqüências, me dei conta de que Deus sabe que a dedicação do homem a qualquer ser que não seja Ele, resulta em sofrimento para a humanidade. O seu emprego pode não ser mais seu amanhã. A sua namorada pode te deixar a qualquer momento. O seu namorado pode te trair com a sua irmã. O seu melhor amigo pode se casar e não te dar mais tanta atenção como antes. Mas, seu Deus sempre estará ao seu lado e de braços abertos para você.

A dupla sertaneja, um dia, cai no anonimato. A banda do momento, um dia, sai de moda. O rosto pop impresso nas camisetas, um dia, se torna “clichê” demais. E o que você fará para preencher tanto vazio se tiver colocado essas coisas em primeiro plano? É por isso que Deus pede para você se entregar a Ele, e que isso não seja visto como algo humilhante. Deus não nos pede dedicação como sinal de arrogância ou posse, mas de amor. Ele deseja que construamos nossa casa sobre a Rocha firme, sobre algo que jamais caia, sobre um amor que não tem fim.

Hellen alicerçou sua vida no amor que sentia pelo marido. O marido a deixou e, assim, sua vida desabou. Só então ela percebeu quão inconstantes podem ser as expectativas temporais. Isso tudo me fez lembrar da história de Jó. Satanás tirou dele todos os bens, seus filhos e até mesmo sua saúde. Imaginem se a esperança daquele homem estivesse baseada em algum destes elementos terrenos! Ele não suportaria as provações do mal. A casa de Jó desabaria em pouco tempo. Mas, ele estava ao lado de um Deus soberano e o amor Dele era a base de sua vida, por isso, Jó foi forte para superar até seus limites.

Se sua casa estiver sobre Rocha (At 4:11), os bandidos poderão entrar, arrancar suas janelas e quebrar suas telhas, mas sua morada não cairá. Quanta segurança, não é mesmo? Deus deseja nos dar Seu amor infinito, por que, às vezes, nos contentamos com tão pouco?

Por Lívia da Silva Inácio, leitora da Conexão JA, estudante de jornalismo e editora do blog http://www.letrinhasdispersas.blogspot.com/